O caminho do conhecimento é uma jornada tão longa quanto nossa vida. Desde a nossa primeira inspiração até a última expiração, tudo é estímulo e tudo pode nos ensinar. E o começo da vida é fantástico, todas as conexões são possíveis, e vamos abrindo mão dessa capacidade à medida que julgamos a nós mesmos e nossas ideias. Oficialmente matamos nossa criatividade ao longo da vida em troca de sobrevivência em sociedade.

Criatividade nos leva a … criar! Encontramos soluções diferentes para problemas, olhamos as situações por perspectivas diferentes, juntamos pares de ideias desconexas que depois parecem que sempre fizeram sentido, e trazemos ao mundo nossa criação — que é um amálgama de todas as nossas experiências.

Por exemplo, quando começamos a trabalhar com algo que realmente queremos, somos ávidos por tudo que parece ser interessante! Ferramentas, trabalhos, métodos, técnicas, perfis, nosso interesse não tem limite! À medida que vivemos horas e horas de trabalho, melhoramos naquilo que fazemos, aprendemos muito, e criamos um tesouro pessoal na forma de conhecimento. E o que fazemos com isso?

Há uns 3 anos atrás, eu comecei a sentir incômodos sobre o que fazer com esse tesouro. Era um impulso muito forte, mas eu não conseguia reconhecer sua forma. Era como uma silhueta na neblina, que me chama, mas eu ainda não sei quem é. E o que pensei? Ensinar! Foi quando eu aceitei um convite de uma amiga para dar aulas de desenho para crianças em um abrigo. A experiência foi sensacional, difícil, e me colocou um passo mais perto daquela silhueta na neblina. Infelizmente chegou a pandemia e as aulas foram interrompidas.

Ensinar. Será que essa é a nossa missão aqui? Eu sei que a partir da experiência da aula, eu sabia que precisava compartilhar mais o meu tesouro de conhecimento. Eu sempre gostei de explicar, de fazer analogias para facilitar compreensão, e acima de tudo aprender mais sobre o que estou falando. “Ensinar é aprender duas vezes”, fui ensinado pelas pessoas mais experientes (e que é atribuído a Joseph Joubert, sobre o qual aprendi um pouquinho agora). E tem aquela que diz que se você quer ver se tem domínio de um assunto, explique para uma criança — que ao pesquisar pra encontrar referência, cheguei na técnica Feynman). Então pra mim, ensinar é um caminho para esses impulsos que estavam cada vez mais presentes.

De 2020 pra cá eu tenho feito aulas de filosofia e sessões de terapia para manter a saúde mental durante a pandemia. Tudo isso mexe muito com as ideias e propósitos, ajuda a rever aquilo que nos pertence como indivíduos e aquilo que precisamos abrir mão ou deixar estar. Tive e ainda tenho lições valiosas a cada reflexão ou exercício, mas aconteceu algo inesperado. Inicialmente eu sentia que para lidar meus impulsos intelectuais, talvez a boa fosse criar uma série de vídeos ou de textos ensinando sobre Game UX Design para quem está começando. Ainda não acho uma ideia ruim, só que me cobro muito planejamento para tudo ficar certinho, então ainda não aconteceu. Esse blog mesmo era um esboço para esse material, mas ficou muito pessoal. Mas em Outubro de 2020, véspera do meu aniversário, eu e Luna descobrimos que um bebê estava a caminho.

Criar é difícil, é um processo penoso, de reavaliações constantes e de conexões não só entre os temas, objetos e ideias, mas também de conexão entre as pessoas. Afinal, mesmo que você crie uma obra que “é apenas para você”, é uma expressão que busca te conectar com alguém além, seja o seu eu interior ou um Eu superior. Tá, sem divagar tanto, criar é difícil, e aprender também! Digo isso porque o impulso de compartilhar meus conhecimentos com alguém foram totalmente sacudidos com a notícia da chegada do Max. E tudo fez mais sentido, aquela silhueta recebeu um nome. E diariamente eu tenho lidado com esses questionamentos e preparações para estar pronto para dar todo o suporte e amor do mundo para alguém que receberá esse meu tesouro. Essa troca toda será meu legado, e eu me senti incluído em todo um plano natural nesse momento.

Além de treinar e estudar para ser um pai presente e amoroso, eu ainda quero deixar o meu legado profissional. O Max pode até ser filho de designers com muita paixão pelo o que fazem, mas ele pode decidir ser o que quiser. Então, embora o coração tenha se acalmado em relação a legado, eu ainda quero compartilhar mais sobre Game UX Design. Sem vaidades, sem objetivos comerciais, sem barreiras para quem quer aprender. Porque, no final das contas, o espírito de curiosidade e aprendizado nunca se apaga, e eu quero ajudar quem estiver disposto a aprender mais, com o que humildemente sei.

Então, agora é dar forma.

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